Quando ouvimos um som, sabemos reconhecer se se trata de uma música ou de qualquer outro ruído. Mas não é apenas o reconhecimento que caracteriza uma música, é sentimento também; e é por esse motivo que gostamos de ouvir determinado cantor, uma banda ou seja mais quem for, e não nos interessamos em ouvir o som da campainha do interfone ou da buzina do carro, por exemplo.
Já que música é sentimento, o que tem de especial nesse som que o diferencia dos demais e nos leva a experimentar sensações de alegria, tristeza, nostalgia, saudade, euforia, languidez etc.?
Trata-se de uma combinação sistemática de três elementos fundamentais e indispensáveis, a saber: ritmo, melodia e harmonia.
Conta-se que um aluno, ao ser indagado pelo professor sobre a definição de música, respondeu que música eram "aquelas linhas, com um monte de bolinhas pretas e vários outros tracinhos emaranhados, que ficavam acima das letras das canções".
A incorreção dessa resposta está no fato de ele ter descrito um sistema de representação gráfica da música, a que chamamos partitura. Este erro conceitual é semelhante à confusão entre discurso e escrita. Assim como pode existir discurso sem a redação, também há música sem a partitura; pois tanto a escrita quanto a partitura são maneiras de representar graficamente sua respectiva linguagem: a verbal e a musical.
Ritmo
Cada nota de uma música tem a sua duração, e cada uma tem a sua intensidade - com efeito, seria impossível haver música se não fosse assim. Por outro lado, estes dois fatores possuem rigorosidade diferente no seu uso. A intensidade das notas possuem um rigor maior na sua utilização, pois é ela a responsável por formar grupos rítmicos recorrentes, aos quais chamamos compasso; ao passo que a duração das notas dependerá do fraseado que o compositor utiliza.
Outro fator importante que precisa ser levado em consideração é o andamento da música (sobre isso falaremos mais adiante), ou seja, a velocidade de execução.
Em resumo, é à combinação ajustada entre o andamento, a duração e a intensidade das notas que damos o o nome de ritmo.
Para ilustrar melhor, imagine-se uma bateria. Enquanto os pratos e o contratempo se ocupam do preenchimento da base rítmica e do andamento, o bombo marca os tempos fortes, enquanto que a caixa geralmente marca os tempos fracos e prepara a batida do bombo. Os tons e o surdo ficam responsáveis pelo término da frase, preparando o início da frase musical seguinte.
Melodia
Quando uma pessoa canta ou um saxofonista toca seu instrumento, por exemplo, estão produzindo uma melodia. E o que vem a ser melodia então?
Melodia é a execução sucessiva das notas de uma canção, ou melhor, uma nota é tocada sempre após outra, nunca ao mesmo tempo - esse é o conceito básico.
No dia a dia, as pessoas costumam inverter esses dois conceitos que acabamos de analisar: o ritmo e a melodia. Para elas, tudo o que explicamos sobre melodia é chamado de ritmo. É frequente ouvirmos perguntas como: "Você sabe o ritmo da música X do cantor Fulano de Tal?", quando o que estão perguntando mesmo é pela melodia.
Harmonia
Finalmente chegamos a um ponto da discussão que é o objetivo de quase todos que se dedicam às artes musicais: o estudo da harmonia. Esse estudo é tão complexo, que, para ser abordado de maneira satisfatória, demandaria a elaboração de um livro e tempo de dedicação de no mínimo dois anos por parte de um estudante de música. Portanto, tudo que está sendo dito sobre harmonia aqui é apenas uma definição elementar.
Enquanto ritmo é algo abstrato, cuja existência depende dos outros elementos musicais, e a melodia surge com um solista, a harmonia é o conjunto dos sons que são executados simultaneamente, ao mesmo tempo. No entanto, esses sons que formam a harmonia não podem ser aleatórios, ou seja, são escolhidos pelo compositor com um objetivo específico de produzir um determinado efeito. De outra forma, não seria possível classificar o conjunto dos sons como harmonia.
Reiterando: harmonia é o conjunto dos sons que são executados ao mesmo tempo, com o objetivo de produzir um efeito predeterminado.
Entre os profissionais da música costuma-se estabelecer uma diferença entre harmonia horizontal e harmonia vertical. Em poucas palavras, harmonia horizontal acontece quando duas ou mais melodias são executadas ao mesmo tempo, entrecruzando-se ou seguindo paralelamente; ao passo que a harmonia vertical é produzida por notas superpostas, que formam os acordes, com o único objetivo de formar os campos harmônicos.
Respondendo ao questionamento inicial, música é a combinação perfeita entre ritmo, melodia e harmonia.
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